Atletas sabem há muito tempo que o exercício melhora o humor e a saúde mental, mas só em 2008 cientistas conseguiram medir diretamente a “euforia do corredor”, que ocorre após exercício prolongado. Mostraram que o cérebro libera mais endorfinas (hormônios que evocam sensações de prazer semelhantes às provocadas pelo ópio) durante uma corrida de longa distância e também que os compostos ficam ativos em áreas cerebrais responsáveis pelas emoções fortes. Trabalhos anteriores já haviam detectado um pico de endorfina apenas na corrente sanguínea, não relacionado às alterações no cérebro.
Mais recentemente cientistas se concentraram nas alterações químicas catalisadas pelo exercício que permitem ao cérebro aumentar a capacidade de concentração, raciocínio e tomada de decisões. Em 2011, um experimento científico randomizado controlado com 120 pessoas entre 60 e 70 anos demonstrou que a atividade física aumenta o tamanho do hipocampo, área cerebral considerada “sede da memória”. Os autores do estudo observaram que a parte específica do hipocampo afetada pelo exercício é a que permite que as pessoas se lembrem de ambientes familiares, mas é também uma das poucas áreas cerebrais que produz células nervosas novas – pelo menos em ratos. Acredita-se que neurônios recém nascidos ajudem na distinção de eventos e coisas semelhantes, mas diferentes. Estudos com animais mostraram ainda que o exercício aumenta os níveis da substância química responsável por desencadear o crescimento desses novos neurônios, uma molécula conhecida como fator neurotrófico derivado do cérebro, ou BDNF.
Agora a pesquisa desafia o conhecimento que tínhamos como certo sobre como a atividade física previne doenças cardíacas. Cientistas inicialmente acreditavam que, em grande parte, a atividade rotineira reduzia o risco cardiovascular diminuindo a pressão arterial, reduzindo a quantidade de colesterol LDL também conhecido como mau colesterol e elevando a quantidade de colesterol HDL (o colesterol bom) no sangue. Mas essa conclusão estava apenas parcialmente correta. O exercício reduz a pressão arterial substancialmente para algumas pessoas, mas para a maioria esse benefício é relativamente pequeno. Além disso, os treinos, especialmente os de resistência, como aqueles em que são usados peso, podem elevar o colesterol HDL, uma alteração que normalmente leva vários meses para surgir e embora o resultado seja bastante modesto.
Outras investigações mostraram que o efeito mais importante relacionado ao LDL está ligado ao modo como o exercício altera as propriedade da molécula em vez de reduzir a quantidade encontrada no sangue. Falando tecnicamente, LDL não é sinônimo de colesterol, mas ele leva o colesterol pela corrente sanguínea da mesma forma que um caminhão de entrega transporta mantimentos. (Sendo gordura, o colesterol não é solúvel no meio aquoso da circulação sanguínea, por isso tem de ser envolto em algo que possa transportá-lo.) Partículas de LDL também têm tamanhos variados, da mesma forma que mantimentos podem ser entregues em minivan e caminhões gigantes.
Nos últimos anos um número crescente de cientistas descobriu que as menores moléculas de LDL são especialmente perigosas. Têm tendência, por exemplo, de perder elétron que depois ricocheteiam em torno dos vasos sanguíneos prejudicando outras moléculas célulares (imagine um motorista enlouquecido atrás do volante de uma perua velha). Moléculas grandes de LDL, por outro lado, são muito mais estáveis e flutuam pela corrente sanguínea, sem bater em nada (mais semelhantes caminhões grandes e bem cuidados, conduzidos por motoristas competentes).
Estudos atuais mostram que o exercício aumenta o número de moléculas de LDL maiores, mais seguras, e diminuem o número das pequenas e perigosas. Ao alterar a proporção, incentiva a atividade da enzima lipoproteína lipase sobre a gordura e o tecido muscular. Duas pessoas com a mesma quantidade de colesterol no sangue, mas diferentes níveis de atividade física, poderiam, assim, ter perfis de risco muito diferentes para doença cardíaca. O sedentário, provavelmente, tem muitas LDLs pequenas e poucas, ou nenhuma, grandes, enquanto as grandes moléculas de LDL predominam no sangue da pessoa ativa. Apesar do nível de colesterol idêntico, a primeira pessoa teria risco muito maior de sofrer um ataque cardíaco que a segunda.
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