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Channel: Artigos – Sylvia Regina Pellegrino
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Diferenças entre ciência e filosofia

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Todo cientista é, antes de mais nada, um filósofo, posto que é um curioso e questionador, o filósofo não é necessariamente um cientista.
Todo cientista é, antes de mais nada, um filósofo, posto que é um curioso e questionador, o filósofo não é necessariamente um cientista.

Seria desnecessário lembrar que, desde a sua origem, o homem sempre cuidou de obter conhecimento sobre os objetos que o cercam, pois disso depende sua sobrevivência. Tal conhecimento histórica e biologicamente primitivo é, pois, antes de tudo um saber como, um conhecimento motivado por algo externo à atividade cognitiva propriamente dita: a necessidade de controle dos fenômenos naturais.

A Grécia Antiga, no entanto, testemunhou o surgimento de uma perspectiva cognitiva nova: a busca do conhecimento pelo próprio conhecimento, por mera curiosidade intelectual. Aqueles que cultivavam essa busca do saber pelo saber foram chamados filósofos, traduzindo, “os que amam ou buscam a sabedoria”.

A pedra de toque do valor da filosofia como uma visão de mundo e da metodologia é o grau em que esta está interligada com a vida. Esta interligação pode ser direta e indireta, através de todo o sistema de cultura, através da ciência, arte, moral, religião, direito e política. Como uma forma especial de “consciência social”, interagindo constantemente com todas as suas outras formas, a filosofia é a sua fundamentação teórica geral e de interpretação.

A filosofia pode desenvolver por si mesma, sem o apoio da ciência? Pode existir ciência sem filosofia? Algumas pessoas pensam que as ciências podem se desvincular da filosofia, que o cientista deve realmente evitar filosofar, esta última é muitas vezes entendida como teorização infundada e geralmente vaga. Se ao termo filosofia for mal interpretado, então é claro que alguém iria concordar com o aviso: “Física, cuidado com a metafísica!” Mas tal aviso se aplica a filosofia no sentido mais elevado do termo. As ciências específicas não podem e não devem quebrar as suas ligações com a verdadeira filosofia.

A ciência e a filosofia sempre aprenderam uma com a outra. A filosofia incansavelmente suga novas forças das descobertas científicas, enquanto que para as ciências, a filosofia que transmite a visão de mundo e impulsos metodológicos de seus princípios universais. Muitas ideias gerais orientadoras que estão na base da ciência moderna foram, primeiro, enunciadas pela força perceptiva do pensamento filosófico. Um exemplo é a ideia da estrutura atômica das coisas manifestadas por Demócrito. Certas conjeturas sobre a seleção natural foram feitas nos tempos antigos pelo filósofo Lucrécio e mais tarde pelo pensador francês Diderot. Hipoteticamente ele antecipou o que se tornou um fato científico de dois séculos mais tarde. Podemos também lembrar o reflexo cartesiano e a proposição do filósofo sobre a conservação do movimento no universo. A ideia da existência de moléculas como partículas complexas que consistem de átomos foi desenvolvida nas obras do filósofo francês Pierre Gassendi e também da Rússia, Mikhail Lomonosov.

Mas, a diferença maior está em que a ciência se baseia em métodos precisos de investigação, demonstrados por meio da observação e experimentação, leis absolutas e inquestionáveis.

A filosofia é uma ciência humana, ou seja, não está preocupada em demonstrar verdades absolutas, e sim em questionar a vida, o universo, e tudo o mais. Apesar de a filosofia ser a mãe de todas as ciências , por ser racional, não é considerada uma ciência. E embora todo cientista seja antes de mais nada um filósofo, posto que é um curioso e questionador, o filósofo não é necessariamente um cientista.


Arquivado em:Artigos, Cultura Tagged: ciência, cientista, filósofo, Filosofia, sobrevivência

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