O mercado financeiro respirou aliviado com a reação positiva e a subida das ações de estatais brasileiras, após o acolhimento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff por Eduardo Cunha. Os certificados de depósitos de ações (ADRs, na sigla em inglês) da Petrobras dispararam na Bolsa de Nova York após o anúncio.
Feito por volta das 18h35 (horário de Brasília), o anúncio de Cunha fez as ADRS da petrolífera avançarem 3,99%, passando de US$ 4,76 para US$ 4,95. As ADRs do Itaú Unibanco, que operavam em queda antes do anúncio, passaram a subir 3,90%.
O Brazil Titans, índice de ações que acompanha o desempenho de 20 das principais empresas brasileiras negociadas em NT, subiu 1,05%.
Perspectiva
Para Leandro Martins, analista da Rico Corretora, mesmo com uma agenda de indicadores movimentada na quinta-feira, próxima passada (3), as atenções dos investidores estarão centralizadas na aceitação do processo de impeachment contra Dilma e na aprovação da meta fiscal.
O projeto aprovado no Congresso altera a meta fiscal de 2015 de superávit de R$ 66,3 bilhões para déficit de R$ 119 bilhões. Ele é considerado fundamental pelo governo para o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
“As tensões em relação a André Esteves e BTG Pactual estavam quase normalizadas. As definições políticas, porém, devem injetar ânimo nos agentes”, avalia Martins.
No mesmo sentido, Pedro Galdi, analista da WhatsCall, explicou que a aprovação da meta fiscal e o aval de Cunha ao impeachment podem impulsionar o Ibovespa. “A aprovação da meta fiscal é positiva para o mercado, porque destrava a economia. O impeachment, porém, pode ter efeito neutro ou positivo, porque o investidor pode ter cautela em relação à decisão temendo que o processo seja barrado mais adiante”, diz Galdi.
Do exterior, Martins destaca que o investidor deve acompanhar de perto a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), às 10h45, e o discurso da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Janet Yellen, no Congresso norte-americano, às 13h (horário de Brasília).
“Já estamos aguardando uma alta de juros pelo Fed em dezembro. Aqui dentro a coisa vai ferver”, garantiu Martins, citando que além do noticiário político, a ata do Copom deve mostrar como alguns membros já estão acenando para a alta de juros no início de 2016 no Brasil.
Diante deste panorama não há como a presidente Dilma Rousseff dizer que vai haver atraso na economia brasileira. Pelo contrário, o mercado financeiro estava esperando esse pedido de impeachment para tomar fôlego. Tanto este quanto o argumento de golpe não se coadunam com a subida das ações das estatais brasileiras no exterior.
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