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Channel: Artigos – Sylvia Regina Pellegrino
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Mentiras que os filmes de ficção científica falam sobre inteligência artificial

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Por mais que o campo da inteligência artificial esteja avançando, os filmes continuam a representá-lo de maneira equivocada.

Os cientistas estão atualmente trabalham com alternativas de algoritmos (sistemas de regras de computador) ou mesmo modelos computacionais (o que usamos até hoje é aquele proposto por Alan Turing) para tentar galgar um avanço na área.

O problema é que a produção cinematográfica não se atém, necessariamente, ao que muitos cientistas considerariam básico. Além disso, a reprodução do que seria inteligência artificial (ou IA), acaba não sendo muito precisa.

O maior dos problemas é que as máquinas fogem das “cláusulas pétreas” de quando foram elaboradas.

Uma reportagem publicada pela revista “Science” mostrou filmes que pecam (ou acertam) na representação da IA. Veja alguns casos abaixo.

Com base nisso, tem-se:

ChapieO filme Chappie (2015) conta a história de um robô-polical que funcionava com uma IA limitada, pré-programada, incapaz de aprender e sem consciência própria, até que ele se “acidentou” e foi descartado.

Um programador resolve aproveitar a máquina para instalar o software da inteligência artificial e da autoconsciência que desenvolveu.

O inverossímil é que o programador consegue criar o código sozinho, o que seria impossível dado o nível de complexidade da área de inteligência artifical.

Um ponto certo do filme é que Chappie, o robô consciente, aprende como uma criança, e vai incorporando regras de convivência e vocabulário aos poucos.

Nesta história o criador do maior sistema de buscas online do mundo cria um protótipo robótico para abrigar a inteligência artificial que criou (também) sozinho após uma série de tentativas.

Chapie02Assim como no caso de Chappie, o programador, Nathan, é um gênio. Mas nesse caso, ele é um gênio entre os gênios, já que ele também domina robótica o suficiente para construir robôs humanoides funcionais (e esteticamente agradáveis).

Para testar o protótipo (Ava), um jovem programador é escolhido (Caleb). Ele deve fazer uma espécie de teste de Turing para saber se Ava tem, de fato, consciência e sentimentos.

O grande problema é que o cérebro de Ava é alimentado pelo conteúdo de buscas na internet. Não há uma boa explicação de como isso acontece (tal como ocorre em Chappie) ou de como uma personalidade pode ser construída a partir daí. Cabe ao espectador se deixar levar sem ter esclarecidos esses questionamentos.

Aqui aparecem com clareza as três leis da robótica elaboradas pelo escritor de ficção científica Isaac Asimov (que escreveu um livro também intitulado “Eu, Robô”):

Eu roboUm robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal;

Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei;

Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a primeira, ou segunda leis.

Com as leis respeitadas, seria possível uma convivência pacífica entre humanos e máquinas inteligentes.

No entanto, quando o sistema inteligente Viki resolve introduzir a lei Zero (“Um robô não pode causar mal à humanidade ou, por omissão, permitir que a humanidade sofra algum mal”), os robôs decidem que a humanidade é um perigo para si mesma (o que faz algum sentido) e decidem pacificá-la.

O problema é que Viki não poderia, por si só, implementar uma lei acima das outras, já que isso não estaria em sua programação original.

Mais uma vez, a inteligência artificial está dentro de Andrew, um robô, interpretado por Robin Williams. O detalhe aqui é que ele faz um esforço para, ao longo de décadas, se tornar humano de fato.

Para ser reconhecido como tal, ele precisa morrer. Estranho é que mesmo com uma inteligência notável e com preconceito que sofre dos humanos, Andrew segue em frente com o plano –o que contrariaria um instinto de sobrevivência e, flagrantemente, sua programação original.

Em uma missão para investigar um estranho sinal emanando da Lua, HAL 9.000, a entidade de inteligência artificial a bordo de uma espaçonave, toma algumas atitudes inusitadas, chegando até a enganar a tripulação.

Dos filmes desta lista, esse é o exemplo que melhor retrata a IA, já que HAL age para atingir o objetivo da missão baseado apenas em sua programação inicial.

Ou seja, mesmo sem consciência, uma inteligência artificial pode ser vilã, justamente por se ater ao seu código inicial de regras.

Com base em conteúdo do jornal Estadão

Arquivado em:Artigos Tagged: Chapie, convivência pacífica, Eu robô, filmes, humanos, inteligência artificial, leis respeitadas, máquina inteligentes, mentiras, ser humano

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