É agônico imaginar como o Brasil conseguirá desmanchar as jogadas erradas nesse tabuleiro de xadrez em que as maiores autoridades políticas aparecem sob suspeita de ilegalidades e corrupção.
Há muito pouco tempo o ex-presidente Lula se reunia em Brasília com a presidente da República e seus ministros para lhes dar ordenar uma reviravolta no jogo: “A agenda do Governo do Brasil não pode ser ocupada pela Operação Lava Jato”. A investigação sobre a corrupção na Petrobras está prendendo dezenas de políticos e grandes empresários do país. Lula acrescentou: “Saiam às ruas e mostrem as obras realizadas pelo Governo.”
Porém, a falácia ousada morreu na casca. A notícia de que a Procuradoria da República do Distrito Federal abrira inquérito também contra ele (Lula) por tráfico de influência internacional, fez calar o filho do Olimpo brasileiro. Também o semideus, presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB, o maior partido aliado do Governo, no mesmo momento histórico recebia a notícia de que um dos empresários preso o acusava de ter recebido 5 milhões de dólares em propina no escândalo da Petrobras. Foi praticamente sua morte política.
O povo brasileiro desconcertou-se diante do quadro de incertezas vivido pelo Brasil. O país enfrenta uma dura crise econômica e outra política, já considerada uma das mais graves de sua história democrática. A honra do país estava manchada.
Já são dois ex-presidentes (Fernando Collor e Lula) sob investigação, assim como as maiores autoridades do Estado, a presidente da República Dilma Rousseff, citada no exterior no processo contra a Petrobras. Além disso, os presidentes da Câmara e do Senado e outros 30 deputados e senadores de vários partidos.
A questão que paira nos céus do Brasil é quem ainda tem autoridade no Estado para oferecer um mínimo de confiança à sociedade, que já convocou para 16 de agosto uma nova manifestação nacional –apoiada pela oposição – contra o Governo, a crise econômica e a corrupção. O único aplauso hoje da sociedade é para os juízes, que pela primeira vez enfrentam os políticos e empresários acusados de corrupção.
O Ministro da Economia, o banqueiro liberal Joaquim Levy, tem se esforçado para fazer um mínimo de ajustes econômicos a fim de conter a sangria da dívida pública e tentar fazer o país voltar a crescer. Seu temor é que o Brasil perca o nível de investimentos – medo que ele mesmo confessou aos parlamentares.
A crise não só dividiu a sociedade brasileira entre os que exigem uma mudança de governo e os que acusam a oposição de “golpismo”. Porém, nem um lado, nem o outro conseguirá limpar o nome do país.
Este é, de fato, um momento de agonia para o Brasil e seus filhos.
A abertura do inquérito contra o carismático Lula traz um novo fator de instabilidade, pois ainda não é possível saber qual será a reação do seu partido e dos movimentos sociais. Ao mesmo tempo, afasta a possibilidade da candidatura de Lula em 2018, que acabava de ser lançada por seus correligionários do PT.
Lula, que já foi um dos mais hábeis estrategistas da política brasileira, tem preferido, até agora, a prudência do silêncio. Agora não é só o Governo que está composto de mudos.
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