Disfarçada para enganar a fiscalização a droga é até 100 vezes mais potente que a maconha natural.
A nova droga sintética é vendida ilegalmente na internet e rotulada como “não aconselhável para uso humano”.
Sua mistura provoca ataques cardíacos, danos cerebrais, alucinações e forte dependência.
Segundo informações de uma garota que experimentou a droga comentou que seu cérebro ficou “quase inutilizado”, visto que não conseguia responder nenhuma pergunta básica.
Uma garota, que experimentou a droga, disse em entrevista ao portal My Fox Chicago: : “Seu corpo quer, mesmo que você saiba que não deve. A última vez que eu fumei, eu pensei que ia ter um ataque cardíaco”.
Os jovens a chamam nas festas de “roleta russa”, pois fumam a versão sintética pensando ser algo alternativo e mais seguro que a Cannabis sativa, mas podem ter efeitos devastadores e morrer em questão de horas ou dias.
“Spice” não é completamente sintética. Trata-se de uma mistura de matéria vegetal desfiada pulverizada com produtos químicos e embalada em envelopes muito chamativos e atrativos aos jovens.
Por se tratar de uma nova droga, muitas vezes os testes usados para detectar entorpecentes não podem ser usados, pois os especialistas não sabem muito sobre sua composição.
Parece uma erva comum, dessas que a gente usa na cozinha: erva-doce, orégano, chá verde. Mas a mistura tem um ingrediente secreto: maconha sintetizada em laboratório. Até 100 vezes mais potente que a maconha natural.
Parece maconha, tem os efeitos da maconha, mas não é. A droga é um composto feito em laboratório para enganar autoridades em todo o mundo. Uma substância química que tem os mesmos efeitos da maconha e que pode ser misturada a qualquer outra erva. Mas não é ilegal.
“Essa tem o cheiro de chá verde. Essa outra de erva doce. E esse de açafrão. Realmente, nenhuma dessas ervas tem aquele cheiro de maconha”, explica alguém que já usou.
A maconha de laboratório é vendida como fumo para ser usada em cigarros.
No laboratório da Polícia Federal em Brasília, são analisadas todas as drogas sintéticas que entram no país. Só este ano, eles conseguiram identificar oito novas substâncias que eram totalmente desconhecidas pelas autoridades brasileiras.
João Carlos Ambrósio, perito criminal federal diz que elas são fabricadas principalmente na China e sudeste asiático. Depois são enviadas para a Europa e na Europa é que se produz o material que é colocado à venda, principalmente em sites de internet.
Os traficantes usam diversas substâncias que imitam a maconha. Entre os pesquisadores, elas são conhecidas como ‘canabinoides’ – vem do nome científico para a maconha: Cannabis Sativa.
A lista de compostos químicos é imensa: MAM-2201, JWH-210, JWH-250, XLR-11, entre inúmeras outras.
Nas ruas e na rede, elas têm apelidos mais sedutores: ‘Hi5′, ‘incenso do mal’ e o mais comum, ‘spice’, pimenta em inglês.
“São compostos que simulam ou têm uma reação muito parecida com o THC que é o princípio ativo da maconha”, explica João Carlos Ambrósio.
As drogas sintéticas agem nas mesmas áreas do cérebro afetadas pelo THC.
“Provocam relaxamento, euforia e podem estar associados também a alguns efeitos adversos, como o desenvolvimento de taquicardia, hipertensão e eventualmente manifestações paranoides e até psicóticas em algumas pessoas mais suscetíveis”, diz Rafael Linden, toxicologista.
Os riscos para a saúde são grandes.
“Nós não sabemos exatamente a composição desses produtos, que podem ser muito variados e mesmo a concentração presente pode ser muito variável. Então os efeitos são quase imprevisíveis”, afirma Rafael Linden.
Mundialmente, já foram identificadas mais de 600 variações desse tipo de maconha, sintetizada em laboratório.
Apenas uma delas é proibida no Brasil: a JWH-018.
A última atualização da lista de drogas proibidas no Brasil aconteceu há pouco menos de um mês, depois de uma reportagem do Fantástico sobre outras duas drogas sintéticas: a Metilona e a 25I-NBOMe.
As duas foram proibidas desde então, com outras 19 novas substâncias.
Em nota, a Anvisa diz apenas que os canabinoides proibidos no Brasil são o próprio THC e o JWH-018.
Segundo a Polícia Federal, o consumo de drogas sintéticas está aumentando no país.
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